01/11/2007

Sobre quadrinhos, iran e feminismo.



Já faz um par de anos, a Companhia das Letras lançou aqui no Brasil um quadrinho chamado Persepolis.
Ganhador de vários prêmios em feiras de comics, inclusive na Feira de Frankfurt - nada comum um quadrinho premiado numa feira de livros - Persépolis é dividido em 4 volumes, é autobiográfico e conta a história de Marjane Satrapi, uma menina iraniana.
Marjane conta sobre o irã dos anos 80, onde passou infância e adolescência em meio à revolução xiita que impulsionou a ditatura fundamentalista no seu país. O relato dela é incrível. Acho que a gente nunca tem uma visão correta da cultura oriental e o livro quebra vários paradigmas. Ela mostra de uma maneira didática e emocionante um problema que muitos países ocidentais viveram também, a REPRESSÃO DITATORIAL.
E tem mais, o Irã de 80 não era nada parecido com esse lotado de burkas, que temos na cabeça (kkk, duplo sentido). Você vai se surpreender ao ver a Marjane pequena ouvindo Iron Maiden. Nem vou contar mais porque senão estrago o seu lance com a Marji.

Pra você ter uma idéia de como este quadrinho nos faz entender um pouco a cultura iraniana, os soldados americanos envolvidos em guerras com o oriente médio foram obrigados a ler.

Bem, eu acompanhei com sagacidade o lançamento dos volumes aqui (adoro quadrinhos), um por um, porque a história é realmente linda, emocionante e... FEMINISTA. Sem pretensão de ser, mas é.

Eu não sou feminista. Quer dizer, acho que sou, às vezes. Enquanto tiver homem que faz a mesma coisa que muita mulher e ganha 30% a mais, eu serei. Podem me criticar. Foda-se. Eu tou num limbo do feminismo. kkkkk. Não sou de lá nem de cá. Não sou feminista para algumas coisas mas acho que esbarro no feminismo em outras. Mas eu sei que muitas meninas que lêem este blog são, portanto ele é meu gancho para falar da Marjane.

Voltando... bem, o quadrinho é tão bom e tem um conteúdo tão verdadeiro, que a Sony Pictures resolveu transformá-lo em filme. Uma animação, pra ser mais precisa. Linda e PB, como o quadrinho. Fiel e emocionante, igualzinho.

O filme recebeu diversos prêmios, inclusive ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes (novamente: um quadrinho que virou desenho ganhando prêmio em cannes?).

Claro que o governo iraniano não gosta do filme, claro que o governo iraniano não gosta de Marjane e ela está proibida de entrar em seu próprio país. Claro que o governo iraniano protestou contra o prêmio de Cannes. Claro que o governo iraniano é estúpido como qualquer outro governo ensimesmado.

Ontem fiquei sabendo que Persepolis ia passar na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Depois de um ataque histérico por não poder acompanhar este tipo de coisa (TRABALHO 14 HORAS POR DIA), algumas amigas fofas me conseguiram um dos disputados ingressos e lá fui eu feliz e cansada ver o filme do meu quadrinho querido.
Acho que deve passar de novo. Se não passar, aposto como logo deve chegar aos cinemas porque é lindo. Só isso.
E você tem que ler primeiro e depois ver o filme. Só isso. Depois me conta o que vc acha desse tipo de manisfestação feminista sutil.

assista Marjane sendo ovacionada ao final da sessnao de Persepolis em Cannes este ano.


e um dos teasers do filme (tem vários)


Quanto aos quadrinhos, comprem porque valem cada centavo.
A única mancada foi a Companhia das Letras levar quase um ano para lançar o último volume, que foi um saco esperar.

N-Joy Western!

4 comentários:

  1. wiki de marjane

    http://en.wikipedia.org/wiki/Marjane_Satrapi

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  2. Que informação legal.
    Parabéns MENINAS. Parabéns Barbie.

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  3. barbie como cabe tanta coisa nessa sua cabecinha oca ?

    :D:D:D

    adorei o post, minha fonte de informacao preferida.

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